O surto de virose na Baixada Santista traz à tona uma questão importante: o álcool em gel, amplamente utilizado como medida de higiene, não é eficaz contra o norovírus. De acordo com especialistas, o vírus é protegido por um capsídeo proteico — uma camada rígida que o torna resistente às concentrações de álcool típicas (60-70%).
Ao contrário de outros patógenos que possuem membranas lipídicas vulneráveis ao álcool, o norovírus não é afetado pelo mecanismo de desidratação e ruptura proporcionado pela substância. Isso aumenta o risco de transmissão, especialmente em locais com altos índices de contaminação.
A maneira mais eficiente de eliminar o norovírus das mãos é lavá-las com água e sabão por pelo menos 20 segundos. O atrito gerado durante a lavagem remove fisicamente o vírus, ainda que ele permaneça ativo após ser descartado no esgoto.
“Nem a água e o sabão matam o norovírus. Ele é removido da pele, mas pode contaminar o ambiente caso vá para praias ou reservatórios de água”, alerta a infectologista Cristhieni Rodrigues, do Hospital Santa Paula.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA reforçam que o uso de álcool em gel pode complementar a higiene, mas não substitui a lavagem das mãos. Para evitar surtos e proteger a saúde pública, é crucial intensificar os hábitos de higiene, especialmente em períodos de alta circulação do vírus.
Em regiões costeiras como a Baixada Santista, onde o esgoto pode atingir o mar, o cuidado deve ser redobrado, pois a contaminação da água pode afetar banhistas e perpetuar o ciclo de transmissão.