A comandante do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, tenente-coronel Karla Lessa Alvarenga Lea, negou nesta terça-feira (10/12) que o piloto do helicóptero envolvido no acidente de 11 de outubro estivesse sobrecarregado de trabalho. A aeronave, que caiu na Serra de Ouro Preto durante uma operação de emergência, resultou na morte de seis pessoas, incluindo quatro militares, um médico e um enfermeiro.
Em audiência na Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), convocada pelo deputado Sargento Rodrigues (PL), Karla Lessa detalhou a rotina do capitão Wilker Tadeu Alves da Silva, piloto da aeronave, afirmando que sua escala de voo estava dentro dos limites regulamentares. No entanto, o deputado apontou que o militar acumulava funções administrativas, como a chefia do setor de manutenção de aeronaves, o que poderia ter contribuído para o acidente.
A comandante confirmou o acúmulo de funções, mas argumentou que isso é comum no batalhão devido à ausência de um quadro exclusivo de pilotos. Após o acidente, no entanto, medidas foram adotadas para restringir a jornada de trabalho, com a implementação de uma carga semanal de 40 horas, respeitando a escala de 12×36. Além disso, o horário operacional das aeronaves foi ajustado, passando a ocorrer apenas das 7h às 18h, com base em análises estatísticas de demanda.
Durante a audiência, Sargento Rodrigues criticou o baixo efetivo do batalhão, que conta atualmente com 94 militares distribuídos em três bases: Montes Claros, Uberaba e Varginha. O deputado relatou ter recebido denúncias de familiares das vítimas e documentos apontando sobrecarga de trabalho como uma falha grave na unidade. Ele defendeu a criação de um quadro específico de pilotos no BOA e anunciou que solicitará providências para aumentar o efetivo e os investimentos estaduais.
Apesar das críticas, a comandante destacou que o capitão Wilker, com mais de 700 horas de voo, era altamente qualificado e havia cumprido folga no dia anterior ao acidente. Nos dias 8 e 9 de outubro, ele participou de combates a incêndios florestais, totalizando cerca de cinco horas de voo em cada dia, e estava apto a operar no dia 11, data da tragédia.
Além das alterações nas escalas, Karla Lessa informou que o planejamento de expansão do BOA, que previa novas bases em Juiz de Fora e Governador Valadares, foi adiado para 2025. A seleção de 15 novos pilotos, que teria edital publicado ainda em 2024, também foi postergada, em parte devido à repercussão do acidente.
“Era um militar qualificado, com autonomia para priorizar a segurança e dizer não, se necessário. Infelizmente, acidentes têm múltiplas causas contributivas, e estamos trabalhando para reforçar ainda mais nossos procedimentos”, afirmou a comandante.
A tragédia mobilizou a Assembleia Legislativa e reacendeu o debate sobre as condições de trabalho no batalhão, destacando a necessidade de melhorias estruturais e operacionais.