O prefeito eleito de Mariana, Juliano Duarte, tem se posicionado de forma firme sobre o acordo de reparação dos danos causados pelo rompimento da Barragem do Fundão, em 2015. Em suas declarações, criticou a falta de envolvimento das prefeituras no processo de elaboração do acordo e questionou os termos oferecidos à cidade, especialmente no que diz respeito ao valor do reparo e ao prazo de pagamento.
Segundo Juliano, a assinatura do acordo de reparação no Brasil implicaria no recebimento de aproximadamente R$ 60 milhões por ano durante os próximos 20 anos. Contudo, ele considera esse montante insuficiente diante das necessidades de Mariana, que enfrenta um grande déficit orçamentário e exige investimentos urgentes em áreas como saúde, obras viárias e infraestrutura.
Juliano também levantou preocupações sobre a quitação antecipada de todas as ações e litígios relacionados às mineradoras, principalmente a Samarco, responsável pelo desastre, e suas sócias, Vale e BHP. Ele explicou que a assinatura do acordo no Brasil resultaria em uma quitação integral de todas as ações, incluindo uma ação movida em Inglaterra, onde o município pleiteia um valor significativamente maior R$ 28 bilhões, contra os R$ 60 milhões anuais do acordo no Brasil.
O prefeito de Mariana acredita que a assinatura do acordo de reparação na Inglaterra seria mais vantajosa para o município. “O valor da Inglaterra é muito mais viável. Lá, o pagamento seria feito à vista, enquanto no Brasil o prazo de 20 anos é muito longo”, comparou Juliano. Ele destacou que Mariana poderia ter acesso a recursos de forma mais imediata, permitindo que o município realizasse investimentos mais urgentes nas áreas que mais precisam.
A decisão final sobre a assinatura do acordo no Brasil ou na Inglaterra será tomada após o julgamento da ação na Inglaterra, que deve ser concluído até o final de fevereiro ou início de março de 2025. O prefeito eleito afirmou que usará todo o prazo disponível para tomar a melhor decisão em favor da população de Mariana. “Vou olhar sempre pelo interesse público”, garantiu.
Além dos questionamentos sobre o acordo de reparação, Juliano também fez questão de reforçar a necessidade de novos investimentos para a cidade. Mariana continua sendo um polo de exploração mineral, com importantes empresas como Samarco, Vale e Cedro Mineração operando na região. Juliano defende que as mineradoras precisam investir mais na cidade, pois a exploração mineral pode durar por mais de 100 anos. “A grande parcela dos pedidos de exploração mineral em Minas Gerais está em Mariana”, destacou o prefeito eleito.
Dentre as suas prioridades, ele mencionou a reestruturação da rede de saúde, com a ampliação de leitos de UTI e a melhoria do sistema de abastecimento de água, que ainda enfrenta dificuldades. Juliano também destacou a necessidade de investir na segurança pública, nas obras de mobilidade urbana e no saneamento básico, uma área crítica para a cidade, além de garantir que os distritos também sejam contemplados.