Uma nova espécie de arbusto, Lippia aonae, foi recentemente descoberta em expedições realizadas na Serra do Espinhaço, no Norte de Minas Gerais, como parte do Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PAT Espinhaço Mineiro). As expedições, que percorreram os Parques Estaduais Caminho dos Gerais e Serra Nova e Talhado, administrados pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), foram fundamentais para o avanço do conhecimento científico da biodiversidade brasileira.
A descoberta ocorreu durante uma coleta em outubro de 2023, realizada por Danilo Zavatin, da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com pesquisadores da USP, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). A identificação da nova espécie é resultado de um rigoroso processo de análise morfológica, ilustrações detalhadas e um mapa de distribuição, culminando na publicação de um artigo científico em uma revista internacional.
A planta foi batizada em homenagem à professora Lidyanne Aona, curadora do Herbário HURB na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, como reconhecimento por suas contribuições à botânica brasileira. A pesquisa também integra o esforço para a produção de um livro ilustrado sobre a flora da região de Monte Azul, cidade próxima ao local da descoberta.
A Lippia aonae é uma planta endêmica da Cadeia do Espinhaço e cresce em campos rupestres, típicos do bioma Cerrado, em altitudes entre 900 e 1.250 metros. Seu arbusto, com altura entre 40 e 60 centímetros, se destaca pelas folhas aromáticas e pegajosas que brilham ao sol. A espécie, com uma área de ocupação restrita de 12 km², foi classificada como Vulnerável (VU) pela International Union for Conservation of Nature (IUCN).
A descoberta da Lippia aonae reforça a importância das unidades de conservação na preservação de espécies raras e ameaçadas, além de destacar o papel do IEF e de seus parceiros na ampliação do conhecimento sobre a flora brasileira. Gabriela Brito, coordenadora do PAT Espinhaço Mineiro, destacou a importância dessas expedições, afirmando que elas são essenciais para traçar estratégias de conservação mais eficazes.
Este achado também evidencia a riqueza e a diversidade da Serra do Espinhaço, um dos ecossistemas mais ameaçados do Brasil, e ressalta a necessidade urgente de sua proteção para garantir a sobrevivência de espécies raras como a Lippia aonae.