Em tempos em que Mariana ainda carrega cicatrizes do rompimento de barragem de Fundão e as dores de acordos intermináveis, quem esperaria que o sofrimento alheio se tornasse palco para disputas por clientela? Pois bem, é exatamente esse cenário que a Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG) tenta frear com suas ações contra a captação irregular de clientes. A questão é: se a ética já está bem delineada no Código da OAB, por que ainda temos que lidar com bancas montadas como barracas de feira, vendendo promessas jurídicas ao vento?
A atuação do presidente da OAB-MG, Sérgio Leonardo, e do presidente da subseção de Mariana, Cristiano Pena, reflete um esforço essencial para proteger a população de Mariana. Lamentavelmente, porém, essa iniciativa também revela algo gritante: a falta de compromisso de certos profissionais, que, na ânsia de lucrar, ignoram princípios básicos da advocacia. É preocupante que se precise de um recado explícito para lembrar que “advocacia não é mercado de peixe”.
O que esperar de advogados que, em vez de construir confiança sólida e de respeito, escolha levantar banners como quem monta propaganda de liquidação? E mais: como confiar em escritórios que fazem barulho agora, mas que desaparecem assim que os honorários esfriam? Como bem lembrou Cristiano Pena, advogados de confiança não atuam de maneira sazonal e, sim, mantêm-se ao lado de seus clientes em todas as fases, dos dias bons aos problemáticos.
A atuação enérgica da OAB-MG surge como uma tentativa de devolver dignidade a uma profissão que deveria ser baluarte da ética e do compromisso social. Mariana não precisa de advogados que tratem casos como “clientes-relâmpago”, mas de profissionais dedicados, que enxerguem além do lucro rápido e da publicidade espalhafatosa.
Que as ações da OAB-MG servem não só para coibir abusos, mas para lembrar a todos os advogados que a advocacia é antes de tudo um serviço público. E que Mariana, que já sofreu o bastante, merece respeito.