A vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos lançou um alerta para a economia mineira. Comemorado pelo governador Romeu Zema (Novo), o resultado traz incertezas, uma vez que os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial de Minas Gerais, responsáveis por cerca de 16% das exportações do estado, que somaram US$ 3,11 bilhões em 2024, conforme dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Entretanto, a economia mineira poderá enfrentar dificuldades em negociações comerciais a partir de 2025, quando Trump assumirá a presidência e implementará uma nova política econômica. O plano do republicano prevê um fortalecimento da produção nacional e aumento de impostos sobre produtos importados, com tarifas entre 10% e 20% para quase todos os mesmos, incluindo os de países aliados, e em até 60% para produtos chineses.
Ainda que o impacto exato sobre as exportações brasileiras não esteja definido, a analista de negócios internacionais da Fiemg, Verônica Winter, alerta para a necessidade de diversificação de mercados, principalmente para produtos de maior valor agregado. “É importante diversificar mercados, pois a política de Trump pode dificultar as exportações para os EUA”, afirma o analista.
A China, atualmente o principal parceiro comercial de Minas Gerais, poderá ser uma alternativa, embora com cautela, às possíveis restrições impostas pelo governo norte-americano às regiões asiáticas. “Podemos intensificar o comércio com a China, mas talvez enfrentemos um aumento de produtos chineses no mercado brasileiro que, em outras situações, sejam destinados aos EUA”, observa Verônica.
Outro ponto de atenção é a atração de investimentos. Com a possibilidade de Trump aumentar as taxas de juros nos Estados Unidos como medida contra a inflação, o Brasil poderia perder competitividade no mercado internacional. “Os investidores se concentram nos EUA devido à valorização do dólar e às taxas de juros podem mais atrativas”, destaca o analista.
Setores estratégicos como siderurgia e indústria automotiva, com produtos como ferroligas e minério de ferro liderando as exportações para os EUA, são os mais suscetíveis a essas novas políticas. Quanto ao café, que tem na América do Norte o seu principal destino, Verônica acredita que o impacto será limitado.
O Instituto Aço Brasil também foi procurado para comentar sobre os possíveis efeitos no setor siderúrgico, e permanece em análise sobre os impactos previstos.