A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) está lançando o Programa de Recuperação Produtiva e Desenvolvimento Socioeconômico e Ambiental da Calha do Rio Doce, voltado a propriedades rurais de 38 munipos impactados pelo rompimento da barragem da Samarco, ocorrido em Mariana em 2015. Esse programa, com duração prevista de cinco anos, inclui ações de recuperação agrícola, práticas de conservação ambiental, e uso de energia sustentável. Parte de um Novo Acordo assinado na última sexta-feira (25/10) em Brasília, o projeto visa restaurar e diversificar a produção rural em áreas afetadas.
Esse acordo entre os governos de Minas Gerais, Espírito Santo e a União destina um total de R$ 132 bilhões para a reparação de danos, com R$ 81 bilhões direcionados a Minas Gerais. O objetivo é acelerar as ações de justiça e recuperação quase uma década após a tragédia. Dentre os recursos disponíveis, R$ 373 milhões serão investidos nos primeiros cinco anos no apoio direto aos pequenos produtores rurais que sofrem com os impactos socioambientais ainda visíveis na Bacia do Rio Doce. Esses recursos integram um fundo de R$ 1 bilhão, criado especificamente para a recuperação de áreas agrícolas e de resposta a futuros eventos climáticos e desastres.
Otávio Maia, diretor-presidente da Emater-MG, ressaltou a importância do programa e a responsabilidade de gerir um fundo perpétuo. “Temos uma grande responsabilidade em administrar um fundo que visa a recuperação e reparação das áreas rurais afetadas pelo Rio Doce, e que será ativado conforme necessário”, afirmou ele, durante a assinatura do acordo.
O programa é estruturado em três eixos principais para abranger diferentes áreas de recuperação:
1. Reestruturação produtiva e diversificação de renda: Este eixo busca restabelecer a fertilidade do solo e incentivar práticas de cultivo sustentáveis e variadas, aumentando a resiliência dos produtores e promovendo fontes de renda mais seguras e diversificadas.
2. Regularização ambiental e mitigação dos efeitos climáticos: Nesta área, o programa prioriza a captação de água da chuva, o cercamento de nascentes e a implementação de projetos de regularização ambiental. A conservação do solo e o cercamento de áreas protegidas são exemplos de ações voltadas para proteger as propriedades rurais dos impactos das mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que garantem a produção agrícola.
3. Microgeração de energia e infraestrutura rural: Para reduzir custos e impactos ambientais, o programa investirá na instalação de painéis solares fotovoltaicos e outras tecnologias sustentáveis de conservação hídrica e manejo do solo. A microgeração de energia, além de sustentável, visa reduzir os custos de produção, tornando a agricultura local mais acessível e menos dependente de recursos externos.
Desde o desastre, as áreas rurais enfrentam dificuldades econômicas e ambientais que este programa espera superar com a implementação de práticas produtivas e ambientais inovadoras. Os investimentos visam oferecer aos agricultores condições para uma produção sustentável, e o compromisso com o uso de recursos renováveis e a preservação ambiental promete um novo caminho para essas comunidades.