A crise de abastecimento de água em Mariana, continua a ser uma realidade frustrante e desafiadora para os moradores, que vivem há mais de 11 anos enfrentando dificuldades para ter acesso a um recurso básico. Na última reunião ordinária da Câmara Municipal, Rondineres Aparecido, em nome dos representantes dos bairros Alto Rosário, Fonte da Saudade e Marília de Dirceu, fez uso da palavra livre para expor a indignação dos residentes e solicitar explicações das autoridades sobre a falta de ações efetivas para resolver o problema.
Acompanhado de um abaixo-assinado, Rondineres questionou diretamente os vereadores sobre as medidas tomadas ao longo dos anos para solucionar a escassez de água nos bairros afetados. Ele exigiu respostas concretas, já que as promessas de melhorias e os investimentos anunciados até agora não resultaram em mudanças palpáveis para a população.
Em resposta, o vereador Edson Agostinho, conhecido como Leitão, reconheceu a gravidade da situação e lamentou a falta de investimentos adequados. “Todos nós sabemos a falta de água que existe no bairro Rosário e pouco se investiu. Inclusive, tem uma caixa d’água de 1 milhão de litros que nunca foi utilizada,” afirmou, destacando a inércia que permeia as tentativas de resolver o problema.
A vereadora Sônia Azzi acrescentou que a crise hídrica em Mariana é um reflexo de uma série de problemas que afetam o município, como saúde e educação, que também enfrentam sérias dificuldades. Sônia ressaltou que a crise hídrica não é exclusiva de Mariana, mas que é essencial a criação de um plano de contingência específico para enfrentar a situação local. “Essa crise já vem de muitos anos, há 11 anos atrás. Porque devastam as nascentes e acontece isso mesmo,” apontou, reforçando a necessidade de ações mais empáticas e eficazes.
O vereador Zezinho Salete também contribuiu para o debate, enfatizando que, ao longo dos últimos 11 anos, quatro prefeitos diferentes passaram pelo Executivo municipal, o que dificultou a implementação de um plano consistente de gestão hídrica. Ele destacou que, apesar de algumas tentativas de resolver a questão, como a perfuração de poços, os investimentos ainda são insuficientes para atender a demanda crescente da população.
O vereador Ronaldo Bento, que atuou como prefeito interino por seis meses, defendeu as ações de sua administração, mencionando a continuidade dos projetos de abastecimento iniciados por gestões anteriores. Ele criticou a falta de eficiência na gestão da autarquia responsável pelo sistema de água e esgoto (SAAE), citando problemas recorrentes na execução de projetos, como a instalação de reservatórios e a conexão de poços artesianos ao sistema de abastecimento.
Já o vereador Juliano Duarte, que também foi prefeito interino em 2021 e assumiu por 1 ano e 6 meses, detalhou os esforços feitos durante seu mandato para identificar soluções para a falta de água no bairro Rosário. Ele mencionou a perfuração de um poço artesiano com capacidade de quase 1 milhão de litros por dia, mas lamentou a falta de continuidade e os erros na execução dos projetos subsequentes, que resultaram em atrasos e desperdício de recursos.
As discussões na Câmara Municipal deixaram claro que a crise hídrica em Mariana é um problema complexo e de longa data, marcado por falhas administrativas e falta de planejamento. Os moradores dos bairros afetados continuam a viver com a incerteza de quando, ou se, terão acesso regular e confiável a água potável, enquanto as promessas de soluções continuam a se acumular sem resultados concretos.
A falta de água em Mariana não é apenas um problema técnico, mas também uma questão de justiça social e dignidade humana. Os vereadores e autoridades municipais precisam urgentemente se unir em torno de um plano de ação concreto e eficiente para garantir que os cidadãos tenham acesso a um direito básico. A pressão dos moradores e a atenção dada ao tema na Câmara são passos importantes, mas a verdadeira mudança só virá com o comprometimento e a ação efetiva das lideranças políticas da cidade.