A morte de uma criança em São Paulo por uma suposta pneumonia acendeu um sinal de alerta em Belo Horizonte e em outras regiões de Minas Gerais. Nas redes sociais, grupos de pais mineiros expressaram grande preocupação com a doença, especialmente em um período de tempo seco e baixa umidade do ar, que favorecem o surgimento de sintomas respiratórios e, consequentemente, o desenvolvimento de pneumonias.
Dados recentes da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte revelam a gravidade da situação: até esta quarta-feira (21), 983 crianças e adolescentes, com idades entre 0 e 14 anos, foram internados com pneumonia na capital mineira. Esse número equivale a uma média de cinco crianças por dia. No ano passado, durante os 12 meses, foram registradas 1.596 internações, ou seja, quatro por dia, demonstrando um aumento significativo nos casos.
O médico Paulo Roberto Lopes Corrêa, diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica, aponta o tempo seco como um dos principais fatores que estão associados ao aumento dos casos de pneumonia. “A mucosa nasal, que atua como uma barreira combatendo vírus, precisa estar sempre úmida e, durante essa época do ano (seca), essa membrana fica comprometida por causa do ressecamento do ar”, explica Corrêa. Esse ressecamento facilita a entrada de agentes infecciosos, como vírus e bactérias, no organismo, especialmente em crianças menores de um ano, que têm o sistema imunológico ainda em desenvolvimento.
A jornalista Anna Barbosa, de 24 anos, viveu essa realidade de perto. Sua filha de 1 ano foi exposta com pneumonia duas vezes em um intervalo de apenas quatro meses, mesmo com o cartão vacinal em dia. “Eu preciso tirar minha filha da creche por um período, mesmo precisando do apoio escolar, porque algumas mães não tinham o mesmo cuidado que eu. Crianças com virose continuaram frequentando a creche, por exemplo”, Anna. Para evitar novos episódios, a jornalista reorganizou a rotina familiar, retirando a filha do ambiente escolar durante os períodos em que apresentava sintomas gripais, evitando assim que o quadro evoluísse para uma nova pneumonia.
Sintomas e cuidados essenciais
A pneumonia é uma infecção que pode ser causada por vírus, bactérias, fungos ou pela inalação de produtos tóxicos, afetando principalmente os pulmões. Entre os principais sintomas estão a tosse seca e constante, coriza, falta de ar, dor na região torácica, cansaço intenso, febre, tontura e pele fria e pegajosa.
No contexto da estimativa, o médico Paulo Roberto Corrêa destaca a importância de medidas preventivas, como manter os ambientes arejados e limpos, evitando poeira e ácaros, e reduzir o contato das crianças com muitas pessoas em locais fechados. Além disso, em caso de sintomas adversos, o uso de máscaras e o isolamento breve são recomendados para prevenir o contágio.
Corrêa também reforça a necessidade de manter o cartão vacinal das crianças atuais, incluindo vacinas como a BCG e as que protegem contra o sarampo e a tuberculose, essenciais na prevenção de complicações graves decorrentes da pneumonia.
A crescente preocupação dos pais em Belo Horizonte reflete o desafio contínuo de proteger as crianças, especialmente em períodos de clima adverso, quando o cuidado deve ser redobrado para evitar que doenças respiratórias se transformem em algo mais sério, como a pneumonia.
