Nesta quarta-feira (17 de julho), o coronel Rodrigo Piassi, comandante-geral da Polícia Militar (PM) de Minas Gerais, compareceu à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para prestar esclarecimentos sobre denúncias contra a corporação. A convocação foi feita pelos deputados Sargento Rodrigues e Caporezzo (ambos do PL), que alegam que militares estariam sendo vítimas de assédio moral, abuso de autoridade e práticas que poderiam caracterizar enriquecimento ilícito do Estado.
As denúncias foram encaminhadas à Comissão de Segurança Pública da ALMG, que é presidida pelo deputado Sargento Rodrigues. Durante a reunião, Rodrigues manteve um tom hostil com o comandante-geral Piassi, ecoando a áspera discussão que tiveram em uma audiência pública em abril deste ano. O deputado Caporezzo, que também requereu a reunião, não compareceu.
Segundo os parlamentares, as denúncias foram feitas por policiais militares do Comando de Policiamento Rodoviário (CPRv), do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária, do Comando de Policiamento Especializado, do 13º Batalhão da Polícia Militar e da 6ª e 13ª Região da Polícia Militar. As queixas estão relacionadas ao Programa de Incentivo à Produtividade (PIP), implementado por Piassi, que visa estimular o desempenho dos militares por meio de metas e recompensas.
Os policiais alegam que estão sendo pressionados a cumprir metas, como a aplicação de um número específico de multas, para obter elogios, dispensa de serviço e prioridade na escolha das férias anuais. Essa prática, segundo os deputados, pode constituir grave assédio moral, além de prejudicar os cidadãos multados. As ameaças de transferências e avaliações negativas nas classificações anuais de desempenho também foram apontadas como formas de pressão.
Além do assédio moral, os parlamentares relataram casos de assédio sexual entre as queixas feitas por membros da corporação. Outro ponto de preocupação é a exigência de envio de dados de produtividade através de aparelhos celulares pessoais dos policiais, dentro de um prazo de 24 horas, o que caracterizaria enriquecimento ilícito do poder público. Os policiais também estariam sendo obrigados a participar de grupos de WhatsApp relacionados ao trabalho e a baixar aplicativos de trabalho em seus telefones pessoais, o que foi definido por Rodrigues como abuso de autoridade.
Um dos alvos das denúncias é o capitão PM Paulo César Pereira Chagas, comandante da 7ª Companhia de Polícia Militar Rodoviária (PMRv), acusado de estar envolvido nas práticas abusivas relatadas.
A audiência na ALMG evidenciou a tensão entre a liderança da PM e os parlamentares envolvidos, destacando a gravidade das denúncias e a necessidade de investigação e possíveis medidas corretivas. A Comissão de Segurança Pública continuará acompanhando o caso, buscando garantir a integridade dos policiais e a justiça para os cidadãos afetados pelas práticas denunciadas.