Em dezembro do ano passado, um levantamento interno realizado na Polícia Rodoviária Federal (PRF) trouxe à tona uma realidade perturbadora: o assédio moral e sexual enfrentado por mulheres dentro da corporação. Das 108 mulheres que compõem o contingente da PRF no estado, 45 decidiram romper o silêncio e participar da pesquisa, que tinha como objetivo investigar a prevalência dessas formas de violência no ambiente de trabalho.
Os resultados da pesquisa revelaram que 40,4% das mulheres entrevistadas afirmaram terem sido vítimas de assédio moral. Esse tipo de violência manifestou-se principalmente através da desqualificação do trabalho feminino, ameaças, perseguições, hostilidade e uso de frases pejorativas ou grosseiras. Além disso, um alarmante 33,3% das servidoras relataram terem sido vítimas de assédio sexual durante sua carreira na PRF.
Questionada sobre os dados obtidos, a Polícia Rodoviária Federal respondeu que a pesquisa foi conduzida exclusivamente no estado, ressaltando que a recomendação inicial de expandir o estudo para todos os estados ainda não havia sido implementada após seis meses da divulgação dos resultados.
O questionário aplicado também incluiu uma seção destinada a colher sugestões das servidoras para melhorar o ambiente de trabalho. As demandas das mulheres da PRF foram claras e contundentes: elas pediram por campanhas de conscientização direcionadas tanto para homens quanto para mulheres, facilitação dos processos de denúncia de assédio sexual e moral, punição adequada aos assediadores e, crucialmente, a presença de mulheres em todas as comissões que analisam as denúncias, garantindo assim uma abordagem mais justa e sensível aos casos relatados.
O estudo revela não apenas a incidência preocupante de assédio dentro da PRF, mas também a coragem das mulheres em se posicionarem contra essa cultura nociva. As servidoras que participaram da pesquisa demonstraram uma determinação inabalável em transformar o ambiente de trabalho em um lugar mais seguro e respeitoso para todos os seus colegas.
As revelações feitas pela pesquisa colocam em destaque a necessidade urgente de medidas eficazes para combater o assédio moral e sexual dentro da Polícia Rodoviária Federal. A implementação das recomendações feitas pelas próprias mulheres é crucial não apenas para garantir a justiça e a segurança no local de trabalho, mas também para promover uma cultura organizacional mais inclusiva e equitativa dentro da PRF em todo o Brasil.