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Mariana ou um episódio de série criminal da Netflix? 

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Nossa cidade de Mariana, conhecida por suas belezas históricas e tranquilidade, parece estar se transformando em um daqueles cenários de série criminal da Netflix. A cada novo dia, um novo episódio de assassinato é adicionado à nossa rotina, como se estivéssemos em uma maratona de um thriller incessante. Só que, diferente das séries, aqui não há botão de pausa. 

O mais irônico é quando investigamos os fatos por trás dessa onda de crimes. Surpreendentemente, a maioria dos perpetradores são pessoas de fora, alojadas em nossa cidade sem qualquer estrutura adequada. Sim, Mariana virou um ponto de encontro para os sem-estrutura, como se estivéssemos oferecendo um pacote de “alojamento e desconforto” que inclui, de brinde, uma participação na nossa crescente estatística de violência. 

Vamos pegar o exemplo de São Gonçalo do Rio Abaixo. Lá, as empresas, sabiamente, têm seus alojamentos dentro dos complexos industriais. Já em Mariana, temos entre 300 a 400 alojamentos espalhados sem qualquer infraestrutura decente. É quase como se estivéssemos concorrendo para o prêmio de “Melhor Cidade em Gestão de Alojamentos Caóticos”. E estamos ganhando, claro, o troféu de aumento da criminalidade. 

Enquanto isso, o crime em Mariana cresce de maneira proporcional à incapacidade de ter condições mínimas de segurança. O que antes era uma cidade segura e acolhedora, agora parece um episódio sombrio de um reality show onde o perigo é real e constante. E, francamente, até mesmo a ficção teria dificuldade em criar um enredo tão surreal quanto o que vivemos. 

Estamos caminhando para um futuro onde a normalização da violência se torna rotina? Será que teremos de nos acostumar a ver Mariana figurando nas páginas policiais com a mesma frequência que vemos nossas igrejas barrocas em cartões postais? 

Se não houver uma intervenção urgente e eficaz, podemos esperar que nossa cidade, uma vez orgulhosa de seu legado histórico, seja lembrada como um exemplo trágico de negligência e descaso. A Netflix pode até achar isso interessante para um roteiro, mas para nós, moradores de Mariana, não há nada de cômico ou fascinante em viver um pesadelo real. 

E, afinal, em que mundo estamos vivendo? Estamos prontos para descobrir? Eu, pessoalmente, preferiria não descobrir.