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50 anos da descoberta de Luzia, um dos esqueletos mais antigos das Américas 

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O sítio onde foi encontrado é protegido pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), sendo ímã para pesquisadores de todo o mundo.

Há precisamente meio século, Minas Gerais assumia um papel central na narrativa que impactou e continua a impactar a comunidade científica global: a revelação dos restos de Luzia, um dos esqueletos mais antigos já desenterrados nas Américas. No ano de 1974, foi na área de Lapa Vermelha, situada em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que os primeiros vestígios de Luzia foram descobertos, durante as escavações lideradas pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire. 

Desde a sua descoberta, o local permanece intocado e integra a Unidade de Conservação Monumento Natural Estadual Lapa Vermelha, que abrange diversos sítios arqueológicos em uma extensão de 33,7 hectares. Situada em uma propriedade privada em colaboração com o IEF, a unidade permite visitas técnicas apenas com a supervisão do instituto, garantindo assim a preservação e segurança do sítio arqueológico. O local abriga ambientes intactos, além de pinturas e gravuras distribuídas em formações rochosas, representando testemunhos da história pré-colonial. 

Inspirada pelas descobertas de Peter Lund em Lagoa Santa, no século XIX, e pelo fascínio pelas pinturas rupestres da região, a arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire liderou, na década de 1970, a missão Franco-Brasileira, composta por cerca de 25 arqueólogos, para realizar escavações em Lapa Vermelha. 

O trabalho contou com a participação do arqueólogo francês e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), André Pierre Prous. Ele descreve que o projeto foi aprovado sob a condição de se transformar em uma escola de escavação arqueológica para profissionais no Brasil, uma vez que naquela época o país não contava com muitos especialistas nessa área. Participaram pessoas de diversos estados, incluindo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, entre outros. 

Luzia foi reconhecida como uma jovem mulher de 20 anos, revelada sem outros restos humanos e próxima a uma cavidade, com a causa exata de sua morte ainda sendo um mistério não resolvido. Porém, sua descoberta contribuiu para o aumento de interesse na pré-história brasileira, sendo um símbolo icônico lembrado por todos. 

O crânio de Luzia permaneceu guardado por duas décadas no Museu Nacional do Rio de Janeiro, instituição que colaborou com a missão Franco-Brasileira. Em 1995, os cientistas iniciaram o estudo da morfologia do esqueleto e, em 1998, as pesquisas conduzidas pelo antropólogo Walter Neves revelaram que as características do crânio se assemelhavam às dos africanos contemporâneos e aos aborígenes da Austrália. Walter Neves foi o responsável por nomear Luzia, em uma homenagem a Lucy, o esqueleto de 3,5 milhões de anos descoberto na Etiópia em 1974. 

A peça estava sob os cuidados do Museu Nacional quando um incêndio devastou a instituição em 2018. Entretanto, cerca de 80% dos fragmentos foram recuperados pelas equipes de resgate. Atualmente, uma réplica de Luzia está em exibição no Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, em Belo Horizonte, mantendo a relevância de Luzia como marco e incentivo para estudos durante os anos.