Na última segunda-feira (29), o Ministério da Saúde e o governo de Minas Gerais inauguraram em Belo Horizonte a Biofábrica Wolbachia. Sob a gestão da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), essa unidade visa expandir a capacidade do Brasil na produção de uma tecnologia crucial para combater a dengue e outras doenças transmitidas por arbovírus.
A bactéria Wolbachia é comum em aproximadamente 60% dos insetos na natureza, mas não é naturalmente encontrada no Aedes aegypti. O método Wolbachia envolve a introdução dessa bactéria em ovos de mosquito em laboratório, resultando na criação de Aedes aegypti portadores do microrganismo. Ao serem infectados pela Wolbachia, esses mosquitos não conseguem transmitir os vírus responsáveis pela dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Quando os mosquitos, conhecidos como Wolbitos, se reproduzem, eles transferem a bactéria para a próxima geração, reduzindo assim a capacidade de transmissão de doenças para os seres humanos por parte desses insetos. Com o tempo, a proporção de mosquitos com essa bactéria aumenta gradualmente, até atingir um nível alto sem a necessidade de novas liberações.
Esse método de controle das arboviroses foi desenvolvido na Austrália pelo Programa Mundial de Mosquitos e atualmente está em operação em 11 países e mais de 20 cidades. No Brasil, a iniciativa é conduzida pela Fiocruz, com apoio financeiro do Ministério da Saúde.
No dia 27 de março de 2023, o governo de Minas anunciou o início das obras da fábrica. Essa unidade destinada ao controle de arboviroses foi estabelecida em um terreno do Executivo localizado no bairro Gameleira, na região oeste de Belo Horizonte. Inicialmente, a produção dos vetores visa atender aos municípios da bacia do rio Paraopeba afetados pelo desastre causado pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, bem como às localidades vizinhas.
O compromisso firmado para a construção da biofábrica e a implementação do Método Wolbachia, visa o controle de arboviroses, e está assegurado pelo financiamento operacional no período de cinco anos nos municípios afetados. Esse compromisso é respaldado pelos recursos do Acordo Global, estabelecido em 4 de fevereiro de 2021, entre a Vale, a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais e os Ministérios Públicos Federal e Estadual de Minas Gerais.