O Brasil alcançou sua segunda classificação mais baixa na história do Índice de Percepção da Corrupção (IPC), um relatório elaborado pela Transparência Internacional. Segundo os dados divulgados na terça-feira (30), o país está em 104º lugar entre as 180 nações avaliadas pela organização. Quanto mais alto o posicionamento no ranking, menor é a percepção de corrupção no país. Em 2023, o Brasil obteve 36 pontos, dois a menos do que no ano anterior.
O relatório atribui para cada país uma pontuação que varia do 0, equivalente a “altamente corrupto”, ao 100, que representa o “muito íntegro”. A pior colocada no ranking de 2023 é a Somália, com 11 pontos; na outra ponta, a Dinamarca é a melhor colocada, com 90 pontos.
A Transparência Internacional destaca tanto aspectos positivos quanto negativos no combate à corrupção no Brasil em 2023. Entre os pontos negativos, a entidade aponta o fortalecimento do chamado “centrão”, que se consolidou através da adaptação e manutenção do esquema do orçamento secreto e do loteamento de espaços de poder. Além disso, a insegurança jurídica é criticada devido a decisões controversas e monocráticas tomadas no Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a Transparência Internacional, um dos principais avanços no último ano foi a aprovação da reforma tributária, que possui um “potencial de impacto estrutural anticorrupção”. A investigação em curso pela Polícia Federal (PF) sobre um suposto aparato paralelo dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também é considerada um avanço.
Em comunicado, a Controladoria-Geral da União (CGU), responsável pela prevenção e combate à corrupção no governo federal, reconhece avanços significativos no campo do controle social, transparência e acesso à informação. Além disso, destacou a importância desse progresso, mas ressalta que os resultados da pesquisa devem ser interpretados com cautela.
O índice da Transparência Internacional é construído através de uma análise combinada de até 13 fontes de dados. As opiniões consideradas abrangem desde especialistas em gestão pública até profissionais do mercado, como o Banco Mundial e o Fórum Econômico Mundial.