Ouro Preto, considerada uma das principais cidades históricas do Brasil, atrai anualmente uma média de 500 mil turistas para suas ladeiras e distritos segundo dados do Ministério do Turismo. A cidade é um tesouro do passado, com bens tombados que transportam seus visitantes para épocas de riqueza cultural e arquitetônica.
Localizada na região Central de Minas Gerais, Ouro Preto se destaca negativamente no cenário das barragens de mineração no país. É a cidade que possui o maior número de estruturas de rejeitos com algum nível de alerta, representando o pior cenário em termos de segurança.
Segundo dados das empresas responsáveis, a eliminação dessas barragens deve se estender até 2035, mantendo, assim, o medo e a apreensão na vida daqueles que residem próximo a essas estruturas. Esta situação persiste apesar da lei de 2019 que obrigou a descaracterização de todas as barragens, e, ao final do prazo em 2022, apenas dez delas haviam sido desmontadas, de acordo com a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). Até o momento, 15 barragens foram desmanteladas, enquanto outras 39 ainda passarão pelo processo.
Um levantamento feito no Sistema de Gestão de Segurança de Barragem de Mineração (SIGBM), da Agência Nacional de Mineração (ANM), aponta que existem atualmente 51 barragens com algum nível de alerta em Minas Gerais, sendo que 26 delas sequer têm estabilidade comprovada pelas empresas.
Dessas 51 barragens, dez estão localizadas em Ouro Preto, sendo que cinco delas estão nos dois níveis de emergência mais altos (níveis 2 e 3), indicando um risco significativo e a necessidade de medidas urgentes por parte das empresas para evitar um desastre iminente.
Procurada para comentar sobre a situação, a Vale, uma das empresas responsáveis pelas barragens na região, informou por meio de nota que vem “realizando uma profunda análise técnica do histórico e das condições atuais e de performance de cada uma das suas estruturas”. No entanto, a resposta não tranquiliza completamente aqueles que vivem sob a sombra dessas estruturas, preocupados com as consequências de uma possível ruptura.
A situação das barragens em Ouro Preto não é apenas um problema local, mas um alerta para a segurança das comunidades que vivem em regiões propensas a desastres causados pela mineração. A população e as autoridades locais continuam vigilantes, buscando garantir a segurança e a preservação do patrimônio histórico, ao mesmo tempo em que cobram ações efetivas das empresas responsáveis pela gestão dessas barragens. Ouro Preto, entre a história e a ameaça das barragens, reflete a tensão presente em muitas regiões mineradoras do Brasil, destacando a necessidade urgente de uma abordagem mais segura e sustentável para a indústria de mineração no país.