O Brasil desponta como protagonista no cenário global da sustentabilidade energética, posicionando-se de forma única tanto no presente quanto no futuro. Especialistas destacam que, com uma frota superior a 40 milhões de veículos flexíveis que suportam etanol, o país não precisa esperar por uma revolução nos veículos elétricos para liderar a descarbonização. No entanto, para avançar nessa agenda, é crucial ampliar a produção de álcool nos próximos anos.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Com uma média anual de produção de 30 bilhões de litros, há um potencial para aumentar essa produção em, pelo menos, 50%. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima um crescimento de até 46 bilhões de litros em uma década, diminuindo um potencial significativo de expansão.
O presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas (Siamig), Mário Campos, destaca que a estimativa da EPE é factível e depende principalmente de mais investimentos. Ele ressalta que, com a capacidade atual das indústrias brasileiras, o volume poderia aumentar em 20%, caso haja demanda dos consumidores. Campos enfatiza a importância de ir além das questões econômicas, considerando também os benefícios ambientais.
Diante da realidade brasileira, onde a Petrobras é uma gigante com décadas de expertise em combustíveis fósseis e a produção em escala de veículos elétricos ainda não é viável, os biocombustíveis, especialmente o etanol, emergem como peça central na sustentabilidade. O uso do etanol nos veículos flex, aliado à mistura obrigatória de 27% de álcool à gasolina, já prejudica as emissões de gases de efeito em 630 milhões de toneladas de estufa entre 2003 e 2022, segundo estimativa da União da Indústria de Cana-de- Açúcar (Única).
Evandro Gussi, diretor presidente da Unica, ressalta que o etanol não é a única ferramenta para atingir as metas de descarbonização do Brasil, mas destaca que é uma opção viável para os consumidores, permitindo uma descarbonização economizando. Além disso, Gussi ressalta que o etanol é uma opção mais acessível aos brasileiros em comparação com a gasolina, contribuindo para a qualidade do ar e para a saúde pública.
A ampliação da oferta de etanol no país depende de estímulos ao desenvolvimento de tecnologias. Um projeto em trânsito no Congresso, o PL 4516/23, conhecido como “Projeto Combustível do Futuro”, busca incentivos a combustíveis verdes no Brasil. Esse projeto, aliado a investimentos e inovações tecnológicas, pode consolidar os biocombustíveis como protagonistas na trajetória de descarbonização brasileira.
O Brasil, assim, se destaca não apenas pela atualidade de suas opções energéticas, mas pelo potencial de liderança na transição para uma matriz mais sustentável e descarbonizada.