O grupo Coteminas, em seu acordo com a Shein em abril garantiu um empréstimo de US$ 20 milhões (cerca de R$ 100 milhões) destinado às operações da Santanense, empresa de tecidos pertencente ao grupo. As operações na fábrica Santanense em Itaúna (MG) enfrentaram um período de seis meses de inatividade neste ano, até o início de julho. Nesse período, as autoridades enfrentaram atrasos nos benefícios, mas, ao contrário de Blumenau (SC) e Montes Claros (MG), não houve redução de pessoal.
O balanço do grupo Coteminas, divulgado em 13 de outubro, relata que a receita líquida de vendas da Santanense em 2022 atingiu R$ 409,9 milhões, uma queda de 31,8% em relação ao ano anterior. Isso afetou o resultado operacional devido ao aumento dos custos de inatividade. As projeções financeiras também informam sobre a concessão de crédito na forma de “empréstimos conversíveis em ações com vencimento único em três anos”, destinadas a restabelecer o capital de giro da empresa.
O empréstimo foi aprovado pelo conselho de administração da Santanense, a empresa administrada o contrato de penhor de estoque. O contrato final ainda está para ser celebrado, com detalhes como agente fiduciário e taxas de câmbio e de juros a serem definidos. A direção de relações com investidores do grupo não trouxe informações até o momento.
O grupo Coteminas é liderado por Josué Gomes da Silva, atual presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo). No início deste ano, Josué intermediou o anúncio feito pela Shein de nacionalização de sua produção, promovendo peças “made in Brazil”.
Josué Gomes da Silva, próximo do presidente Lula, é filho de José Alencar, que foi vice-presidente do governo de Lula. Ele estava presente quando o governo anunciou uma política de tributação sobre mercadorias de até US$ 50. A política mudou para dispensar o pagamento em todas as compras até esse valor feito em lojas e marketplaces que aderissem ao programa de conformidade denominado Remessa Conforme.
O memorando de entendimento assinado pelo grupo Coteminas em abril prevê financiamento para capital de trabalho, exportação de produtos para o lar e intermediação de 2.000 confecções, clientes da Coteminas, para trabalhar com a gigante asiática do e-commerce. A divulgação do balanço do grupo foi atrasada e deveria ter sido divulgada em março. A Coteminas e a Springs Global, ambas do grupo, foram convocadas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) como empresas que ultrapassaram o prazo para apresentação de formulários de projeções financeiras e informações trimestrais, que expiraram em abril.
O auditor independente que assinou as projeções financeiras de 2022 da Coteminas acordos “incerteza relevante relacionada à continuidade operacional” e relatos que o grupo está negociando para recompor seu capital circulante líquido. Essa preocupação com a capacidade de continuidade da operação também afeta a Springs Global.
O balanço revela que o grupo ocultou e renegociou passivos por meio de repactuações, vendas de ativos e reestruturação do plano de negócios, que incluiu demissões negociadas em Montes Claros, Blumenau e João Pessoa. Esses cortes afetaram 1.709 funcionários, que confirmaram seus acertos em até 12 parcelas.