Uma situação controversa envolvendo Marino D’Angelo, membro da Comissão dos Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF) e a Fundação Renova, veio à tona nesta semana, gerando polêmica e atraindo a atenção da opinião pública e autoridades locais.
A Assessoria Técnica Independente da Cáritas MG, em Mariana, divulgou uma nota de repúdio em relação à atitude da Fundação Renova, que resultou na condução de Marino D’Angelo à delegacia da Polícia Civil de Ouro Preto no último sábado (02). Segundo a Cáritas, Marino foi levado à delegacia devido a desentendimentos entre funcionários da Fundação Renova e ele.
De acordo com a Cáritas, havia um acordo verbal entre Marino e a Renova, no qual nenhum trabalho ou intervenção seria realizado no terreno de Marino até que todas as questões relacionadas ao processo de reparação individual fossem resolvidas. Esse acordo, segundo a Cáritas, não foi respeitado pelos funcionários da Fundação, que não apenas se recusaram a deixar a propriedade, mas também acionaram as autoridades policiais de Mariana. Durante o incidente, Marino sofreu escoriações e foi conduzido à delegacia como autor de um crime.
Após a imposição do embargo, Marino D’Angelo relatou que a Fundação Renova entrou em contato com ele, e juntos chegaram a um acordo para a utilização de sua propriedade. Durante esse período, Marino passou a residir temporariamente em uma habitação provisória, na expectativa de se mudar para uma nova propriedade. No entanto, segundo ele, surgiram desacordos quando a Renova optou por não alugar a nova residência após a sua conclusão, o que causou insatisfação por parte de Marino, que se sentiu prejudicado. Diante dessa situação, ele tomou a decisão de restringir o acesso à sua propriedade e revogou a autorização para a continuação da obra. Isso culminou em um incidente envolvendo a Guarda Municipal, resultando em um confronto e na condução de Marino para prestar esclarecimentos às autoridades.
Em resposta às alegações feitas pelo Jornal Ponto Final, a Fundação Renova emitiu um comunicado esclarecendo sua versão dos fatos. Segundo a organização, Marino D’Angelo foi conduzido pela Guarda Municipal de Mariana nas proximidades de uma obra de utilidade pública solicitada pela Prefeitura de Mariana e executada pela Fundação. A Renova ressaltou que não teve envolvimento direto com a condução de Marino.
A Fundação Renova também explicou que a obra em questão se trata de melhorias no acesso ao distrito de Águas Claras, consideradas necessárias e urgentes devido à proximidade do período chuvoso. A organização afirmou possuir uma autorização formal dos moradores e detentores da posse do imóvel para utilizar uma pequena parcela de terra para a instalação do canteiro da obra.
No entanto, após dois meses de execução, Marino teria embargado a obra, alegando que não reconhecia a autorização. A Fundação Renova afirma que fez uma proposta de ressarcimento pelo uso da área, que foi aceita por Marino, mas não foi celebrada devido à sua demanda por uma moradia temporária de 50 hectares, que não está alinhada com as diretrizes dos programas de reassentamento da organização.
A Fundação reiterou sua disposição para o diálogo e expressou sua preocupação em relação ao ocorrido. Enquanto as partes envolvidas buscam resolver essa controvérsia, a comunidade e as autoridades locais acompanharão de perto o desenrolar da situação.