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Sedentarismo: aumenta risco do surgimento de cânceres de intestino e renal

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A falta de atividades físicas é um dos fatores responsáveis por muitas doenças e condições que agravam a saúde. Para alertar sobre a importância de incluir a prática diária de exercícios, no dia 10 de março é comemorado o Dia Mundial de Combate ao Sedentarismo. Data escolhida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para chamar a atenção da população sobre as graves consequências causadas pela falta de atividade física e incentivar práticas que elevam a qualidade de vida e previnem doenças crônicas e outras ainda mais graves.

Até 2030, meio bilhão de pessoas poderão desenvolver obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e outras enfermidades devido ao sedentarismo, conforme aponta o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), “Status Global sobre Atividade Física 2022”. Tal comportamento torna-se ainda mais nocivo quando associado a um padrão alimentar inadequado – pouco nutritivo e rico em açúcares e gorduras –, e eleva, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o risco do surgimento de 13 tipos de câncer, incluindo o colorretal e renal, que são reforçados neste mês em campanhas de conscientização e prevenção. O sedentarismo é um fator de risco. “A falta de atividade física combinada à ingestão excessiva de carne vermelha, alimentos ultraprocessados e pobres em vitaminas e fibras contribuem para a obesidade e favorecem o aumento de casos de neoplasias. A obesidade está associada a mediadores inflamatórios e anormalidades metabólicas e endócrinas, que promovem o crescimento celular e exercem efeitos antiapoptóticos, o que significa dizer que as células cancerígenas não se autodestroem mesmo após graves danos no DNA, conforme o “Terceiro Relatório de Especialistas, Dieta, Nutrição, Atividade Física e Câncer: uma perspectiva global”, do Fundo Mundial de Pesquisa em Câncer (WCRF, do inglês, World Cancer Research Fund) e do Instituto Americano para Pesquisa em Câncer (AICR, do inglês, American Institute for Cancer Research)”, elucida Lorena Goulart, nutricionista da Oncoclínicas Belo Horizonte. 

O oncologista gastrointestinal da Oncoclínicas Belo Horizonte, Alexandre Jácome, alerta que entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer colorretal estão os hábitos de vida, havendo uma relação evidente entre o surgimento do tumor e o índice de desenvolvimento humano (IDH) de um país. “Países mais ricos apresentam as maiores taxas de incidência da doença, o que vai ao encontro do achado de maior risco de desenvolvimento do câncer colorretal em pessoas com sobrepeso ou obesidade, sedentárias, tabagistas e que fazem uso excessivo de bebidas alcoólicas. Apenas de 5 a 10% dos pacientes acometidos pelo câncer de cólon e reto herdaram alterações genéticas que aumentam o risco de desenvolvimento do tumor. Essa probabilidade será maior quanto mais jovem for o paciente”, descreve o oncologista.

No Brasil são estimados mais de 40 mil novos casos de câncer colorretal para cada ano do triênio 2023-2025, segundo o Inca. Trata-se do segundo tipo mais incidente em homens e mulheres, depois do câncer de próstata e de mama, à exceção das neoplasias de pele não melanoma. Em quase 90% dos casos é possível preveni-lo por meio do rastreio de alterações pré-cancerosas, como explica o oncologista. “A colonoscopia permite a identificação em indivíduos saudáveis e sem sintomas de lesões pré-malignas – pólipos – que são removidas, impedindo a evolução para lesões malignas. Existe um temor em torno do exame cuja preparação exige lavagem intestinal e é feita com sedação, mas trata-se de um exame seguro, indolor e fundamental. Baseado nas recomendações da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, todo indivíduo com idade igual ou superior a 50 anos deve iniciar o rastreamento do câncer de intestino, que pode ser realizado tanto pela pesquisa de sangue oculto nas fezes, como pela colonoscopia, preferencialmente”, informa Alexandre Jácome.

O especialista acrescenta que os sintomas intestinais associados ao câncer de cólon e reto também são encontrados em condições benignas, o que pode atrasar a busca por ajuda médica.  “Diarreia, constipação, dor abdominal e até mesmo perda de sangue nas fezes, que frequentemente ocorre na presença de doença hemorroidária, podem levar a uma interpretação equivocada do paciente. Em situações de doença mais avançada, podemos observar perda de peso não intencional”, descreve.

Apesar de não constar no documento “Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil”, do INCA, são esperados cerca de 12 mil registros de câncer renal ao ano por aqui, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), que está entre os 10 tipos de tumores mais frequentes, segundo a American Cancer Society. Trata-se também de uma neoplasia relacionada ao sedentarismo e outras causas, como explica Flávio Cárcano, oncologista especialista em tumores geniturinários da Oncoclínicas Belo Horizonte. “Obesidade, cigarro, pressão alta, idade, pedra nos rins, insuficiência renal e uso prolongado de diálise, e história familiar são os principais fatores de risco. O câncer renal está sendo duas vezes mais prevalente em homens do que em mulheres, e mais incidente em pessoas acima de 45 anos”, observa o médico.

Segundo Cárcano, o câncer renal não apresenta sintomas iniciais e o diagnóstico costuma ser feito em exames de rotina, como ultrassonografia abdominal. “Contudo, é importante ficar atento a sinais como sangue na urina, dores abdominais ou dor lombar, perda de peso, febre ou suores noturnos, cansaço, inchaço nos pés e nas pernas, hipertensão arterial recém-desenvolvida e procurar um médico”, recomenda.