Reuniões com professores e educadores, atividades a serem desenvolvidas em casa, feiras culturais, festas e apresentações artísticas. Não faltam ocasiões em que a presença dos pais seja requisitada no ambiente escolar. Mas, mesmo que essa participação seja indicada, ela precisa obedecer a certos limites – que, atualmente, têm sido cada vez mais desrespeitados.
É isso o que conta a pedagoga Jacqueline Caixeta. “Os pais têm procurado as escolas mais para interferir nas regras que para acompanhar os filhos”, conta. Segundo a profissional, que também é especialista em educação, há um movimento de proteção exagerada, em que os pais buscam impedir que as crianças ou adolescentes se frustrem ou sofram com qualquer tipo de mudança ou fracasso. “Mas eles não podem viver dentro de uma bolha. É melhor que eles se frustrem nas nossas mãos, no nosso colo, porque, na escola, ele está sendo acompanhado”, pondera.
Conforme a educadora, exigências de trocas de sala, mudanças no regimento escolar e até mesmo no formato das avaliações diante de resultados baixos estão entre interferências comuns feitas pelos responsáveis. “Esses pais querem fazer a vontade dos filhos a todo custo, mas, quando eles agem dessa maneira, sempre interferindo e resolvendo problemas que são da criança ou do adolescente, eles acabam criando alguém com total dependência. São pessoas que vão crescer e sofrer muito, não vão conseguir tomar decisões e serão inseguros”, pontua.
Segundo especialistas há outro fator que pode prejudicar a forma como os pais lidam com as escolas. “Existem casos em que a família tem uma relação de clientela, naquela lógica de que o cliente sempre tem a razão. Isso acaba gerando uma confusão de papéis, porque os educadores são vistos sob uma lógica de mercado, e não uma lógica educativa, como parceiros”.
W1 se não for respeitada a autonomia dos alunos.
O acompanhamento das atividades escolares e dos conteúdos que os filhos aprendem e também o interesse pela rotina são outros pontos importantes. “Filhos que têm familiares que se envolvem são muito beneficiados, porque essa participação desperta o desejo de aprender”, explica. Ela orienta ainda que os pais sempre deixem o espaço para o diálogo aberto e que ensinem as crianças e os adolescentes a se comportarem de forma empática diante de situações de conflito, sempre respeitando as diferenças. “É o que chamamos de ‘pais democráticos’. Aqueles que sabem equilibrar a exigência, as regras, as expectativas em torno do filho e do aprendizado deles com a receptividade e o acolhimento”.