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Preocupações e desafios com criança e do adolescente no mundo digital

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Exposição excessiva da imagem de crianças na internet, conhecida como 'sharenting', pode gerar consequências nocivas

Celulares com câmeras cada vez mais potentes e sempre ao alcance da mão, pode parecer difícil ceder à tentação de agir como um paparazzi da infância, capturando, desde o nascimento, cada novo passo, gracinha, conquista ou até birra de uma criança. Afinal, tudo, aos olhos dos adultos mais próximos, sejam eles pais, avós ou tios, por exemplo, soa fofo demais para não ser devidamente registrado. E, já com a imagem feita, surge o implícito convite de, com um simples clique, compartilhá-la, até porque, nas redes sociais e aplicativos de conversa, muitas são as pessoas, conhecidas e desconhecidas, que se mostram ávidas por acompanhar o crescimento dos pequenos, o que garante aquela chuva de likes e de comentários, tão comuns a esse tipo de publicação. 

É nesse contexto que proliferam na web cenas, das mais cômicas às mais fofas, envolvendo crianças. Um fenômeno tão comum que, agora, há um termo que designar essa prática. Trata-se do “sharenting”, expressão em língua inglesa que junta as palavras “share”, que significa “compartilhar”, e “parenting”, que se relaciona à criação de filhos. O problema é que esse comportamento, de tão automático, nem sempre vai considerar os perigos inerentes.

Especialistas lembram que, mesmo na melhor das intenções, ao colocar nas redes postagens que podem fazer de meninos e meninas vítimas de bullying, os tutores podem acabar prejudicando aqueles que, na verdade, deveriam proteger. “Nenhum pai ou mãe tem o controle de como os filhos enfrentarão esse tipo de exposição, além disso, essas publicações podem desencadear brigas e problemas no relacionamento no seio familiar à medida que a criança começa a ter noção de que a imagem dela está sendo exposta ou que foi exposta de uma forma que ela não concorda e desaprova”, acrescentam. Esses conflitos tendem a se acentuar a depender das dimensões da repercussão do conteúdo.

A doutora em saúde pública aponta que o ECA, embora tenha 32 anos, permanece um instrumento fundamental e atual para o enfrentamento da exposição da imagem de crianças e adolescentes na web. “Tanto é que estamos falando de uma lei que é elogiada no mundo inteiro”, diz. “A grande dificuldade diz respeito à aplicação do que está instituído. Para tanto, precisamos regulamentar limites, sobretudo quando estamos falando de uma realidade em que a presença nas redes se torna uma fonte de renda”, detalha, citando que o mercado de artistas mirins é uma exceção à regra, pois o trabalho infantil é vetado no país, e, por isso, só é autorizado mediante expedição de alvará concedido pelo poder judiciário.