O medo é permanente, aumento de casos de prostituição, crescimento do uso de drogas, falta de perspectiva sobre o futuro. Essas são alguns dramas citados por estudantes, professores e moradores da localidade de Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto, em consequência do permanente risco de rompimento da barragem do Doutor, que está sendo desativada, mas ainda contém 38 milhões de toneladas de resíduo.
Os relatos foram apresentados em visitas realizadas, na última sexta-feira (18) pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais a duas escolas do distrito. Os depoimentos chocaram a presidenta da comissão, deputada Beatriz Cerqueira, que se comprometeu a cobrar providências da mineradora Vale, responsável pelo empreendimento, e do governo do Estado. “A realidade aqui é bruta. Precisamos pressionar o poder público” – afirmou.
Na Escola Estadual Antônio Pereira, única instituição pública que oferece ensino médio na comunidade, os alunos reclamaram do abandono da instituição tanto pelo governo estadual quanto pela mineradora, que é responsável por obras na instituição, como forma de compensação de sua atividade. Um exemplo foi um projeto financiado pela Vale para o treino de vôlei para os alunos. A empresa construiu uma quadra, mas não a cobriu, dificultando a prática do esporte.
A escola funciona com infraestrutura precária, pois a reforma que também precisa ser paga pela mineradora está suspensa. De acordo com a diretora em exercício, Aline Cardoso, as obras foram paralisadas durante o fechamento da escola na pandemia de Covid-19 e não puderam ainda ser concluídas porque expirou o prazo do termo de ajustamento assinado pela empresa e o Ministério Público. Ela disse que a mineradora deve retomar os trabalhos, mas não soube precisar quando pode ocorrer.