Uma tragédia que tirou a vida de sete pessoas no km 85 da BR-356, em Ouro Preto, chama a atenção para indícios de aumento no número de mortos nas rodovias federais que cortam o estado de maior malha viária do país, assim como para a maior letalidade nas colisões. Somado a outros desastres ocorridos nos últimos dias, o grave acidente envolvendo quatro veículos na cidade histórica da Região Central mineira fez duplicar a taxa diária de mortes em estradas federais mineiras, na comparação com o índice dos sete primeiros meses deste ano. De sábado (15) até segunda – feira (17), foram 12 óbitos em três dias, média de quatro ao dia, enquanto de janeiro a julho o total ficou em 412, média de 1,94 caso fatal a cada 24 horas. Essas ocorrências coincidem com discreta redução no número de acidentes registrados pela Polícia Rodoviária Federal nas BRs de Minas.
A tragédia de Ouro Preto se espelha nesse quadro: a ocorrência, na noite de domingo, chamou a atenção por ter causado quatro mortes em um dos carros envolvidos e três em outro, enquanto outras oito pessoas ficaram feridas. Dois dos mortos eram crianças. Duas mulheres e um menino de 10 anos permaneciam internados até a noite de ontem. A criança recebia cuidados na Santa Casa de Ouro Preto e as demais vítimas, no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Cinco ocupantes dos quatro veículos envolvidos receberam alta após serem atendidos na cidade histórica da Região Central. De acordo com o boletim de ocorrência, um dos motoristas invadiu a contramão em ultrapassagem proibida, surpreendendo o condutor de outro carro. Esse veículo acabou rodando na pista e atingiu de frente com outros dois. Segundo a Polícia Militar Rodoviária, dois dos quatro motoristas envolvidos no acidente em Ouro Preto não tinham carteira de habilitação. Ambos morreram, entre eles o suspeito de provocar o desastre. Um terceiro veículo estava com a documentação vencida.
Para o especialista em educação e segurança no trânsito Agmar Bento Teodoro, professor do Departamento de Engenharia de Transportes do Cefet-MG, o fator humano é decisivo em acidentes como esse. “Há algumas situações, como a qualidade da via, que podem influenciar o comportamento dos usuários. Mas casos como o uso de álcool, uso de celular, ultrapassagens em locais proibidos ou em condições inapropriadas e prática de velocidade inadequada são ações que comumente estão presentes nos sinistros de trânsito”, afirma.
Outras cinco mortes foram registradas nos últimos três dias em rodovias federais de Minas. Na BR-381, no início da tarde de ontem, um menino de 2 anos não resistiu aos ferimentos após ser atropelado por um caminhão que seguia no sentido Vitória, próximo ao trevo do distrito de Ravena, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A mãe da criança, também atingida pelo veículo, foi levada para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na capital.
Ainda no domingo, mais uma família se envolveu em um acidente que resultou na morte de duas pessoas e causou ferimentos em outras duas, na BR-356, em Itabirito, na Região Central de Minas. O desastre envolvendo um carro com placa da cidade mineira de Paula Cândido, na Zona da Mata, ocorreu na altura do km 48. Um homem de 45 anos e a esposa, de 43, foram socorridos inconscientes e com suspeita de trauma cranioencefálico grave, mas morreram ao dar entrada na Unidade de Pronto-Atendimento do município. Filhas do casal, de 17 e 21 anos, foram socorridas com ferimentos.Testemunhas relataram que um caminhão que descia a serra espalhou óleo pela pista. O carro da família, que seguia atrás, teria deslizado e invadido a contramão. Na sequência, bateu de frente com outro caminhão. O caminhoneiro não se feriu.
Já no sábado, uma pessoa morreu na colisão entre um carro e um ônibus no km 412 da BR-135, na zona urbana de Bocaiuva, Norte de Minas. No mesmo dia, mais um acidente fatal ocorreu na BR-356, neste caso em Muriaé, na Zona da Mata. Um Fiat Palio cinza e um Jeep Renegade branco, que transitavam em sentido opostos, bateram de frente. O motorista do Palio não resistiu.