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Porque tantas pessoas trocam de emprego no Brasil

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País vive momento de recorde de demissões voluntárias, porque muitos profissionais procuram por melhores condições de trabalho.

No Brasil a cada hora, 850 pessoas pediram demissão dos seus empregos no Brasil em agosto deste ano, conforme levantamento da LCA Consultores com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. Foram 632.798 demissões voluntárias – um recorde na série histórica iniciada em janeiro de 2020. Mas por que os brasileiros estão pedindo dispensa dos seus postos de trabalho em um momento em que a economia ainda se recupera? Vários fatores explicam o fenômeno na avaliação do economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, responsável pelo levantamento. Ele aponta que o mercado de trabalho começa a se normalizar após o período crítico da pandemia da Covid-19, quando muitos negócios fecharam as portas. “Novas empresas estão sendo abertas e novas vagas estão sendo ofertadas. Então, isso faz com que o trabalhador enxergue melhores oportunidades no mercado. Ele simplesmente se demite de um lugar para se admitir em outro” diz. 

Ele cita o exemplo do setor de alojamento e alimentação. Muitos hotéis e restaurantes quebraram na crise sanitária. Com a retomada, empresários que eram desse mercado voltaram à ativa, enquanto outros que sonhavam em abrir um negócio no ramo encontram condições melhores hoje do que há um ano. Com isso, há uma oferta de vagas com possibilidades melhores, incentivando os pedidos de demissão.

O engenheiro eletricista Sidney Ronald, de 26 anos, é um dos milhares de brasileiros que pediram demissão nos últimos meses. Ele deixou uma empresa de mobilidade para virar fiscal da Cemig. A mudança, segundo o profissional, não se resumiu somente aos vencimentos mensais. “Eles não pagavam hora-extra. Era um sistema de banco de horas, mas a folga eram eles quem escolhiam o dia. Você não tinha a liberdade de escolher uma data. Outro motivo é que, durante a pandemia, a empresa abriu um novo negócio e deixou meu setor de lado. Faltavam ferramentas para trabalhar e tínhamos que fazer serviços para essa outra empresa ainda”, diz. A falta de vagas para estacionar o carro também pesou no pedido de demissão de Sidney. Diante de um mercado de trabalho concorrido, um fator fundamental na tomada de decisão é a expectativa de crescimento. Se um profissional entende que não há mais chance de alçar voos maiores dentro daquela estrutura organizacional, dificilmente permanecerá naquele emprego por um longo período de tempo.

Diante dos consequentes recordes de demissões voluntárias no Brasil, as empresas precisam pensar em estratégias de valorização do trabalhador que vão além do salário mensal. A professora de inovação e gestão de pessoas da Una Elaine Andrade dos Santos lembra que o respeito aos direitos trabalhistas conquistados é o primeiro passo. Com a lei da terceirização, o mercado se acostumou a precarizar a relação trabalhista com a contratação como pessoa jurídica. O título de microempreendedor individual (MEI), por exemplo, foi desvirtuado.