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“Os pacientes sem vacinação têm se complicado”, diz médica especialista da Santa Casa de BH

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Médica intensivista da Santa Casa BH, Fernanda Helena Caputo Gomes fala sobre as dificuldades impostas ao setor de saúde durante a pandemia

Médica intensivista da Santa Casa BH, Fernanda Helena Caputo Gomes fala sobre as dificuldades impostas ao setor de saúde durante a pandemia, a mudança dos sintomas da Covid e o esgotamento de profissionais da saúde

Entre as diferenças dos pacientes que são internados agora a médica explica que anteriormente os casos se agravavam em uma velocidade maior. “ Tínhamos pacientes que se agravavam muito rápido e precisavam de intubação rápida, ventilação mecânica. Agora, os pacientes evoluem menos para quadros graves, e, quando isso ocorre, é um quadro mais arrastado, com sintomas leves. Os pacientes sem vacinação têm se complicado mais tardiamente, enquanto o agravamento nos vacinados é em função de comorbidades”.

Perguntada sobre as comorbidades a qual se refere, Fernanda cita, “Doença renal crônica, sequela pulmonar de alguma doença crônica”, como as principais.

Sobre a variante Ômicron, a médica explica que que a nova cepa possui sintomas mais leves em comparação a outra variante. “A outra variante tinha um comprometimento pulmonar muito mais grave, gerando complicações renais e a necessidade de hemodiálise, agora, são sintomas leves, sem impacto pulmonar e de outros órgãos. Quando fazemos uma tomografia, a gente vê que, sim, pode ter um comprometimento do pulmão, mas de no máximo 25% a 50%. Não observamos passar disso’.

Diante de muitos casos confirmados, de pessoas que usam medicamentos sem comprovação cientifica, a intensivista afirma que essas medidas atrapalham bastante e que não indica o uso de tratamento precoce. “Isso atrapalha muito. O tratamento precoce não é indicado. Alguns pacientes chegam com uso dessas medicações e notamos algumas complicações, como uso abusivo da ivermectina, que causa ineficiência hepática, e do corticoide em diabéticos, que acabam tendo alteração da glicose. O corticoide na Covid tem indicação que é de pessoas graves que precisam de oxigênio. Com a hidroxicloroquina, alguns pacientes tiveram complicações cardíacas”.

Após tantas variações e ondas que acometeram e ainda acometem o mundo, Fernanda, que enfrenta de perto os impactos causados pela pandemia, relata que o momento ainda é de cautela. “É um momento muito tenso. Já não temos tanto medo como no início, mas vivenciamos um período de bastante cansaço e exaustão. Estamos vendo a equipe que trabalha conosco também sendo contaminada, e faltam profissionais. Aprendemos muito com a pandemia. Muitas dúvidas surgiram lá no início e vimos que muita coisa que a gente fazia agora não fazemos mais ou foram aprimoradas. Alguns medicamentos, por exemplo, ainda precisam de mais estudos. E vai além do cansaço físico, é mental também. Principalmente pelas histórias que ouvimos, de famílias inteiras contaminadas ou dos casos que ainda vemos avançar para gravidade. Precisamos ter, de novo, aquela força para vencer mais esta onda” finalizou.