Por muito tempo, a dona de casa Cirlei Nunes, de 52 anos, chegou a utilizar até nove medicamentos para o tratamento do quadro de paralisia cerebral do filho, Pedro Samuel. O adolescente, hoje com 13 anos, enfrenta quadros de convulsão desde que nasceu. Além de não diminuirem a frequência ou a intensidade das crises, os fármacos ainda resultavam em inúmeros efeitos colaterais, como dificuldade de controle dos movimentos e do intestino.
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Uma das soluções encontradas por Cirlei para avançar no tratamento do filho foi buscar uma prescrição médica e autorização para importar medicamentos à base de cânabis. O método, inclusive, é hoje a alternativa para quem deseja iniciar tratamento deste tipo no Brasil. Nos últimos dois anos, houve um aumento de quase 300% no número de permissões concedidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), saindo do patamar de 8.500, em 2019, para 33,7 mil autorizações até a primeira quinzena de 2021.
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“De todos os remédios, nenhum fez efeito como esse. Já faz oito anos de uso, e desde então ele não internou mais, e as crises convulsivas, que antes ele tinha 40 por dia, hoje são mais leves e raras”, conta a dona de casa, que conseguiu a permissão para uso de canabidiol (CBD), uma espécie de óleo concentrado. O resultado obtido por ela também foi alcançado pela jornalista Mariana Rosa e a filha Alice, hoje com 8 anos.
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A criança, que tem epilepsia e sofre com convulsões, também utiliza o canabidiol, após um período ingerindo cerca de 11 fármacos diferentes. “Antes chegava a ter quase 70 convulsões por dia”, contou. Além do controle das crises convulsivas, Alice ganhou qualidade de vida e eliminou o uso de oito remédios controlados.
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Médico especializado em medicina preventiva e social pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Paulo Fleury acredita que os resultados apresentados no tratamento de Alice e Pedro Samuel são apenas mais exemplos dos benefícios dos produtos canabinoides. Fleury considera que medicamentos tradicionais utilizados em pacientes com quadros crônicos podem ser ainda mais nocivos ao organismo.
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“Todos os recursos terapêuticos têm seus riscos. Mas os canabinoides são mais seguros e podem representar reações menos intensas”, avalia. O médico destaca que, atualmente, os produtos feitos à base da cânabis podem ser utilizados também em quadros de ansiedade e depressão, distúrbios neuropsiquiátricos, autismo, Alzheimer, esquizofrenia, bipolaridade, dores crônicas, fibromialgias, câncer e dependência química.
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Fonte: https://www.otempo.com.br/brasil/uso-de-canabis-medicinal-no-brasil-aumenta-quase-300-1.2579781