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Segundo delegado “Em briga de marido e mulher a gente salva a mulher”

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Mariana não tem bem trâmites pra que seja implantada uma delegacia especializada para crimes contra as mulheres.

No dia 25 de novembro foi comemorado o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher e o Jornal Ponto Final realizou uma Live com o Delegado de Polícia Civil, Dr. Cristiano Castelucci, a investigadora Gabriela Braga e a escrivã, Keila Carneiro, para abordar temas envolvendo a violência contra a mulher.

Perguntada sobre o suporte oferecido às vítimas de agressores presos, Keila explicou que existe um acompanhamento e um suporte psicológico. “Com o deferimento das medidas, existe um acompanhamento. As medidas preveem o afastamento da vítima, é proposto também um acompanhamento psicológico para a vítima. Temos hoje um grupo no whatsapp com o pessoal do CREAS e do Conselho Tutelar para que possamos oferecer um suporte melhor a essas mulheres”, explicou.

Em casos de violência, 65% das agressões ocorrem dentro do âmbito familiar e sair de uma relação abusiva, segundo o delegado, pode ser muito mais difícil do que se imagina. “Ninguém fica dentro de uma relação abusiva porque quer. Às vezes a mulher já está tão fragilizada e inferiorizada pelo agressor, que ela não tem força para sair e combater de frente com a situação. As mulheres estão em uma ambiente teoricamente seguro, mas para elas, comparando a essas estatísticas é o lugar mais inseguro que ela poderia estar e ela é morta dentro de casa. E é preciso descontruir a ideia de que não sai da situação porque quer e por isso a importância de procurar ajuda e quebrar o silêncio, de conversar com a vizinha, com a amiga e falar o que está acontecendo”.

Em Mariana não existe projeto para implantação da delegacia especializada para mulheres. Dr Cristiano explica que seria uma realização importante para a cidade uma delegacia para a mulher e falou sobre o atendimento em cartório feito somente por mulheres. “Nós não temos uma delegacia especializada em defesa da mulher, porém nós temos um cartório específico dentro da delegacia que o atendimento é todo feito por mulheres”

Sobre os casos de fianças de prisões efetuadas Castelucci explica que “é deferida a medida de urgência, ele tem obrigação de ficar afastado da mulher e ele descumpre, tem um crime específico, ele vai ser preso em flagrante e o delegado não pode arbitrar a fiança, somente em juízo. A maioria dos outros crimes, sim, cabe fiança, por exemplo: crime de ameaça, injúria, difamação e etc.” Quando ocorre o desligamento da mulher do lar em consequência de uma violência sofrida por ela não há perca de direitos. “A mulher não perde os seus direitos de jeito nenhum, quem tem que perder os direitos é o agressor, não existe abandono de lar nesses casos”. Após feito o pedido de medida protetiva a mulher precisa tomar alguns cuidados ao sair de casa. “A ideia é tomar um certo cuidado dos lugares que irá frequentar com quem vai estar, pelo menos momentaneamente. As vezes o agressor ficar com mais raiva ainda por ter sido intimado pelas medidas protetivas e não tem nada que o impeça de chegar perto dela e a gente pede que tomem os cuidados básicos. A mulher é livre, pode ir a qualquer lugar, é só um cuidado maior que é preciso ter nesses casos”

Para casos que são presenciados e como devemos agir diante a uma agressão, Cristiano é categórico em dizer que é necessária a interferência. “Nós temos que acabar com essa história de que em briga de marido e mulher não se mete a colher. É um dever nosso como cidadão, é dever da sociedade de realmente intrometer. E para saber diferenciar uma briga de casal a uma agressão contra a mulher basta colocar no lugar da mulher uma criança indefesa. Se você como cidadão visse uma agressão a uma criança que não sabe se defender você tomaria partido? Chamaria por ajuda se visse um cadeirante ou alguém que não pode se defender ser agredido? A mesma coisa é a mulher”.

A live também abordou assuntos como direitos de transexuais e casais lésbicos, validade de Boletim de ocorrência, crime cibernético e diferentes tipos de violência. Todos esses pontos que foram discutidos podem ser assistidos na página do Jornal Ponto Final no Facebook, confiram!