O que é beleza? O dicionário Aurélio, referência na língua portuguesa, define a palavra como “qualidade de belo”. Na filosofia, o tema se relaciona, principalmente, com a arte e a estética grega – Platão, por exemplo, diz que a beleza está pautada na noção de perfeição, de verdade, que vem de uma realidade alheia ao mundo concreto no qual vivemos e que, por isso, o ser humano não é capaz de percebê-la plenamente. Na psicanálise, a beleza é vista como uma apreciação subjetiva, ou seja, o que é bonito para uma pessoa pode não ser para outra.
Entretanto, na sociedade, ao longo do tempo, foram idealizados “padrões de beleza”, dentro de uma visão estética excludente, em que algumas características físicas se tornam mais atraentes em detrimento de outras, disseminando exigências comportamentais de adequação a esses padrões. Isso tem influenciado tanto homens e mulheres a correr atrás do “corpo perfeito” para se encaixarem nesse padrão. Por questões históricas e machistas, essa cobrança é muito maior sobre o corpo feminino.
Isso aconteceu com um artigo publicado no jornal “Folha de S.Paulo” e nas falas dos apresentadores Luciano Huck e Ana Maria Braga, durante as homenagens à artista. “Ela fez tanto para chegar nesse shape lindo, físico, né? Ela emagreceu, criando um caminho para ela, que fazia sentido com esse vozeirão”, disse Ana Maria no “Mais Você” da última segunda-feira. “Os corpos femininos são julgados ainda hoje, pois muitas pessoas operam com a ideia do que é público e do que é privado. E, para essas pessoas, o corpo da mulher está na esfera pública: casamento, trabalho, filhos e corpo. Principalmente o corpo. E isso piora quando essa mulher é uma artista”, explica a psicóloga e coach de mulheres Adriana Roque. “Mas mesmo no momento atual, pessoas com tamanha informação e desenvolvimento intelectual não conseguem pensar para além do machismo que tapa os olhos. Sem contar que falas como essa minimizam comportamentos, como: Marília Mendonça não brigava com a balança, ela decidiu ter hábitos mais equilibrados, o que resulta na perda de peso; passou a fazer exercícios físicos com regularidade, cuja escolha e constância é muito difícil para a maioria”, pontua.
A psicóloga Adriana Roque alerta para os perigos que podem estar por trás dessa cobrança estética pela busca da beleza e do “corpo perfeito”. “Essa cobrança excessiva pela magreza a qualquer custo pode contribuir para desenvolvimento de transtornos, como depressão, ansiedade, anorexia, bulimia e até mesmo o transtorno dismórfico corporal”, afirma.