Uma das possíveis dificuldades enfrentadas no processo de distribuição de vacinas é o armazenamento — alguns fármacos precisam ser mantidos em temperaturas baixas para não perderem a eficácia. Na tentativa de vencer esse obstáculo, cientistas dos EUA desenvolveram imunizantes resistentes ao calor. Os fármacos têm como base vírus presentes em plantas e bactérias e surtiram resultados contra a covid-19 em testes iniciais com cobaias.
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A equipe aposta em dois micro-organismos: um é encontrado nas folhas do feijão-caupi e outro, retirado da bactéria E.Coli. As vacinas com essas matérias-primas foram feitas com o mesmo processo. Primeiro, os cientistas cultivaram milhares de cópias dos organismos em laboratório. Em seguida, reduziram as moléculas em nanopartículas. Na etapa final, anexaram à superfície dessas partículas um pequeno pedaço da proteína spike, pertencente ao Sars-CoV-2.
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“No fim do processo, ainda temos vírus infecciosos. Então, o sistema imunológico pode reconhecê-los, mas eles não são maléficos a animais e humanos. O pequeno pedaço da proteína spike é o que estimula o corpo a gerar uma resposta imunológica contra o coronavírus”, detalham os autores do estudo, divulgado no Journal of the American Chemical Society.
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Nos testes, as duas vacinas foram aplicadas em ratos por meio adesivos de microagulha ou injeções (duas doses). Em ambas as abordagens, registrou-se, no sangue das cobaias, altos níveis de anticorpos contra o Sars-CoV-2. Os pesquisadores explicam que usar esses vírus como matéria-prima torna a produção dos imunizantes mais simples, já que o cultivo de plantas é relativamente fácil e a fermentação com bactérias, um processo estabelecido na indústria biofarmacêutica.
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Apesar das facilidades, para os criadores, a principal vantagem dos imunizantes é a estabilidade em altas temperaturas. “Os patógenos utilizados não se abalam com o calor, de modo que podem facilmente chegar a lugares em que instalar freezers é complicado”, enfatiza, em comunicado, Nicole Steinmetz, da Universidade da Califórnia e principal autora do estudo. “Imagine se vacinas pudessem ser enviadas às caixas de correio de pessoas mais vulneráveis”, complementa Jon Pokorski, também professor da instituição americana e autor do estudo. Agora, a equipe vai avaliar as vacinas em animais de maior porte.
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