A média móvel de novos casos de Covid-19 está avançando diariamente no Brasil. São quase 52 infecções por coronavírus por minuto em cada dia no país atualmente e mais de 2 mil mortos. Em paralelo, uma nova variante do vírus que matou mais de 450 mil brasileiros até essa terça-feira (25), indiana, assombra autoridades de saúde país afora, que temem que, como outras que atingem a população, como a do Reino Unido e a de Manaus, possa ser mais transmissível ainda. A nova cepa foi identificada em sete pacientes no Brasil
Este cenário, que, por si só, é uma crise humanitária e sanitária sem precedentes, está prestes a piorar. “Não é que haja uma possibilidade de uma terceira onda da Covid-19, já há uma terceira onda acontecendo. Ela está chegando um mês antes do esperado (prevista anteriormente para julho), e parte de um patamar com base muito elevado, com mais de 2 mil mortes por dia, além da variante indiana. É um contexto grave”, alerta o médico epidemiologista Pedro Hallal.
A preocupação do especialista foi referendada, nesta quarta-feira (26), pelo ministro da Saúde de Jair Bolsonaro (sem partido), Marcelo Queiroga, em audiência pública realizada na Câmara dos Deputados. Mantendo parte do discurso negacionista que figurou a gestão sanitária do governo federal, o médico cardiologista disse que a pasta está “vigilante” e, apesar de não ter descartado a necessidade de novas medidas de isolamento social, colocou a responsabilidade pela coordenação delas em gestores municipais. “Estávamos com medidas de bloqueio, mas quando houve mais disponibilidade de leitos, se flexibilizou. E pode haver tendência de aumento de casos, que vai se refletir em nova pressão sobre sistema de saúde. Mas também pode ser fruto de uma variante. Nós não temos essa resposta ainda. De acordo com a situação de cada município, pode ser necessário que se adote uma medida restritiva, mas cabe a cada autoridade municipal. O Ministério da Saúde fica vigilante para que se possa orientar. E vamos trabalhar juntos para que se possa evitar essa terceira onda”, alegou Queiroga.
Mozar de Castro Neto, médico infectologista e superintendente técnico do Hospital da Baleia, por sua vez, afirma que ouve relaxamento por parte da população em relação às restrições sanitárias. “O que a gente tem observado, de fato, é o relaxamento da população. À medida que vai ser imunizada, vai sendo protegida por vacina, começa a se aglomerar, se reunir em bares, restaurantes, locais de alto risco de contágio. Ainda não é o momento para isso, temos aí que esperar uma imunização de rebanho concreta, muito maior”, reforçou. O médico chega a falar que, caso não haja engajamento da população e medidas de contenção suficientes, é possível cogitar, ainda, uma “quarta onda” da Covid-19 no Brasil. “Essas práticas são altamente eficazes pra conter, realmente, a disseminação do vírus. O impacto do uso das máscaras contínuo, higienização de mãos, evitar aglomerações, evitar locais fechados com muitas pessoas, e, caso estiver nesses locais ficar sempre de máscara e ter, realmente um convívio mais restrito do ponto de vista de interações sociais. A grande preocupação dessas variantes (do coronavírus) é trazer realmente uma terceira onda, eventualmente, até uma quarta onda, e a gente nunca sair desse vai e vem de medidas que são relaxadas, depois são novamente apertadas”, conclui.