A marianense Mo Maiê é musicista, arte-educadora, capoeirista, artesã de instrumentos musicais africanos e pesquisadora do universo musical do transatlântico afro-ameríndio. Mo Maiê trabalha com a transversalidade das artes e ao decorrer da carreira, desenvolveu projetos, shows, criação de trilhas sonoras para dança e teatro, residências criativas, vídeo documentários, publicações gráficas e literárias em parceria com artistas, coletivos e redes criativas no Brasil, África, Ásia, Oriente Médio e Europa.
Atualmente, a artista é a idealizadora da revista eletrônica Terreiro de Griôs e da Escola Ateliê Nomad Djalô, ambos trabalhos independentes focados em pesquisa e arte educação, sob o viés da afrocentricidade e valorização de nossas culturas originárias.
A Coleção Djalo perpassa pelos campos da música, o audiovisual, a literatura, a dança, as artes plásticas e a arte educação, sempre propondo celebrar a riqueza e diversidade cultural do Transatlântiko Negro, tendo por inspiração referencial cosmologias, formas, timbres e texturas de instrumentos musicais ancestrais e experimentais.
A Ideia da coleção vem sendo concebida desde 2016, quando se dá a criação da Djalo música Nomad e do início da parceria criativa e solidária com a Ladeira Records, através da realização de registros fonográficos e eventos culturais independentes, buscando fomentar a cena local sob o viés da afrocentricidade e do reflorestamento eco-cultural, depois dos impactos sócio culturais sofridos pelo rompimento da Barragem de Fundão em 2015.
A ideia tem seu processo intensificado a partir do encontro da compositora e musicista Mo Maiê com o grupo senegalês Sobobad Band, durante residência artística realizada pela artista no povoado de pescadores Toubab Diallaw (Senegal), de novembro de 2018 a fevereiro de 2019, quando foram realizadas vivências e diálogos transculturais pautados em trocas criativas e experimentações entre músicos de diferentes origens e identidades africanas e afro-diaspóricas.
Em 2020 a idéia da criação da Coleção amadurece e toma corpo quando Mo Maiê volta ao oeste africano para vivenciar uma imersão no universo dos saberes e fazeres na densa trama cultural do oeste africano, de janeiro a julho de 2020, no Senegal e no Mali, desta vez com o apoio cultural do “Programa Ibermúsicas” e do “Complexo Multicultural Sobobade”.
Em 2020 serão lançados os primeiros Benguês da coleção, que são um conjunto de objetos que, nos terreiros dos ritos angola e congo, carregam a força sagrada das divindades, isto é, dos inquices; corresponde ao axé dos terreiros de rito nagô:
– O livro-objeto “Transatlântika, O Livro de Areia”, obra que condensa o diário de viagem e pesquisas etno musicais que Mo Maiê vem publicando na revista eletrônica “Terreiro de Griôs” desde 2012, a respeito das histórias dos instrumentos musicais do oeste africano, cosmovisões africanas e relatos orais de estórias de vida de artistas e mestres das tradições populares em África e Brasil.
– O álbum Bambalá Bambalá, produzido a partir do encontro de Mo Maiê com Sobobade Band, registrado e masterizado entre Janeiro e Março de 2020 em Dakar, como proposta da criação de um repertório original autoral.
– Três álbuns fonográficos com paisagens sonoras e temas de compositores (as) e músicos do Brasil, Mali, Angola, Senegal, Guiné, África do Sul, Moçambique, França e Estados Unidos, com a proposta de reunir artistas e pesquisadores de diferentes origens que trabalham a raíz da musicalidade africana e afrodescendente.
Os temas selecionados para estes álbuns são paisagens sonoras ou temas de compositores que transitam entre a World Music, que conectam a musicalidade da África do Oeste e da África Bantu com a música brasileira e o jazz – uma verdadeira colcha de retalhos de sonoridades, ritmos, línguas e sotaques.
– A criação do podcast “Transatlântica . Áfrika do Oeste 2020” no YouTube, com mais de 100 vídeos.
– A criação do “BÚKI BURI BÚKI BUMÁ”, o “LIVRO VIVO” – uma proposta pedagógica digital ensino de musicalidade africana à distância, a partir de video-aulas com módulos temáticos, com Griôs e artistas africanos, que nasce da parceria da Escola Nomad Diallo com o grupo Percu de Tamará, residente na Vila de Toubab Diallaw, Senegal e Dunyaben.
Confira um pouco do trabalho de Mo Maiê: https://youtu.be/n8f2pj8BDRY